Assassin's Creed III
Sai ano, entra ano e algumas poucas certezas permanecem irrefutáveis nessa vida moderna de realidade virtual que levamos. Uma delas é a chegada de um novo título da famosa e popular série de ficção científica (por que não?) da Ubisoft, Assassin's Creed. No ano passado, Revelations fez o excelente trabalho em fechar definitivamente as histórias de Altaïr e Ezio, mas a de Desmond, aquela que vem sendo cozinhada desde a primeira iteração em 2007, continuou a se tornar cada vez mais e mais complexa, aparentemente interminável.
Na promessa de concluir esse arco de proporções épicas e apresentar um sucessor a altura do querido Signore Auditore, chega o tão aguardado Assassin's Creed III. Como não só de história parruda vive um AC, os controles também pedem um refinamento especial, com elementos a mais que distinguem um jogo do outro. Sempre houve evolução na série nesse quesito, que isso fique claro. Apesar das duras críticas recebidas, Revelations continuou a tradição em manter as intervenções históricas aliadas a novas mecânicas. Admito que as mudanças não foram tão radicais quanto as que vimos de ACI para o II, mas elas estavam lá (se você terminou o jogo sem usar as bombas de sangue de cordeiro, você fez tudo errado).
Com um nível tão alto a ser mantido, será que ACIII consegue se elevar a estância de grande divisor de águas na franquia, como nos foi prometido pelos pedantes produtores? Há mudanças o bastante para fazer deste um novo exemplo a ser seguido no futuro? Connor funciona como protagonista de um período histórico tão interessante e tão pouco explorado nos videogames? As respostas para tudo isso serão dadas de forma tão simples quanto pronunciar Ratonhnhaké:ton de trás para frente e debaixo d'água.
Viva o Ratonhnhaké:ton!
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Conspirações em cada taverna, população revoltosa como um barril de
pólvora prestes a explodir e tramóias acontecendo por segundoHaytham Kenway é o típico chefe de classe, sempre reverenciado por onde passa e sempre com lacaios a disposição. É interessante acompanhar o início do tumultuado período que antecede a Guerra Revolucionária Americana no século XVIII sob uma perspectiva mais elitista. Conspirações em cada taverna, população revoltosa como um barril de pólvora prestes a explodir e tramóias acontecendo por segundo. ACIII expele por seus poros essa rotina interessantíssima de se acompanhar.
A guinada se dá quando, do fruto de amor de Haytham e uma nativa americana com quem une forças por compartilharem momentaneamente um objetivo em comum, nasce Ratonhnhaké:ton (Raton, para os íntimos). Dentro da realidade indígena, o jogo apresenta sua matéria natural de forma descomunal, e as surpresas nesse campo só crescem jogatina adentro.
Controlar um Índio Mohawk correndo pela vila, interagindo com animais e brincando na floresta, tudo no idioma nativo indígena, traz uma experiência única e verdadeiramente autêntica. A fauna e flora presentes em ACIII em sua vasta Fronteira são tão ricas que são passivas facilmente de comparação ao todo-poderoso no que diz respeito a este quesito, Red Dead Redemption.
Ansiava muito por poder viver esse lado de ACIII e não me senti decepcionado em absoluto. Todo o relevo das colinas, montanhas, baias, nascentes e campos rochosos parece tão natural e belo que chega a emocionar. E o mesmo digo para a interação com tudo isso (mas com ressalvas, claro. Aliás, ressalva é um termo recorrente a quase todos os campos de ACIII, infelizmente).
Engraçado é como o jogo justifica a falta de animais e elementos de intemperismo das edições passadas: a especialista no Animus, Rebecca, diz ter aprimorado seu firmware, podendo agora acessar de maneira mais verossímil as memórias dos antepassados de Desmond. Mordi a isca e achei genial.
O chamado do herói acontece quando a vila de Raton é acometida por um grande mal. Entenda que a região na qual os Mohawks vivem é ponto estratégico militar importante, sendo constantemente ameaçada tanto pela coroa britânica quanto pelos patriotas revolucionários – e não pense que sei disso tudo por ter sido aplicado no colégio: o jogo traz uma útil enciclopédia que contempla todos os fatos históricos correspondentes.
O nativo americano lida com a perda de uma maneira que só quem tem um elo muito forte com a terra conseguiria. Ao alcançar uma certa maturidade e começar a demonstrar insatisfação com a postura de sua tribo perante os inerentes conflitos nos quais seu povo encontra-se envolvido, a xamã decide que é hora do bravo guerreiro ter sua iniciação com a Primeira Civilização, onde lhe é revelado seu verdadeiro objetivo nesta terra, e que este só será alcançado caso ele ingresse na ordem dos assassinos. Tudo de forma bastante “assassin's creediana”, com suas analogias bizarras, porém funcionais e originais.
Um dos pontos mais interessantes de ACIII é a iniciação de Raton na Ordem, já que esta encontra-se completamente deteriorada nos domínios de Boston e a infestação dos templários soa como uma peste pior que a varíola. Sob tutela de um assassino aposentado e ranzinza, o recém-nomeado e recém-chegado a civilização Connor (porque, convenhamos, aquele nome nativo só soa natural da boca da xamã dos Mohawks) se mostra um homem prontificado a aprender, com uma objetivo muito firme em mente e uma ingenuidade difícil de lidar. Diria que Ezio está para Leon como Connor está para Chris, e eu torço para que você seja fã de Resident Evil para que entenda essa linha de raciocínio.
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Não espere do índio todo o carisma boêmio do italiano mulherengo: Connor é centrado, contido e não dá espaço para piadas.
Como não poderia deixar de ser, ACIII tem como pano de fundo eventos reais para contar sua história de templários contra assassinos. Encontrar figuras de peso como Benjamin Franklin (e não espere um novo Leonardo Da Vinci aqui, mas saiba que terá com ele um dos melhores diálogos da série. Para refletir: mulheres mais velhas > mulheres mais novas), George Washington e o Marquês de La Fayette fazem com que o nível da história contada seja tão bom quanto aquelas que envolveram a época das Cruzadas ou do Renascimento.
Mas no meio disso tudo temos Desmond, a figura da linhagem contemporânea, aquele que revive as memórias de seus antepassados e assim toma a dianteira na guerra contra os templários – ou Abstergo, para se adequar mais. Galgado no fim do calendário Maia, o 21/12/2012 se aproxima e com ele o fim do mundo. A tempestade solar irá acabar com a humanidade e algo precisa ser feito. O imediatismo em encontrar uma solução para o problema é o mote dos assassinos que enfim encontraram uma das bases de operações da civilização de setenta mil anos atrás em Nova York. No entanto, para fazer as coisas funcionarem nesse local é necessária energia, e assim o jogador assume os controles de Desmond na busca por tais artefatos.
A quebra de ritmo que isso gera é o menor dos problemas que encontramos aqui, já que as sequências protagonizadas pelo barman são tão péssimas que chegam a se um disparate para com o todo. Coisa de passar vergonha mesmo.
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Péssima dublagem, péssima grafia visual, péssima recriação de ambientação.O ápice é quando o assassino deve ir ao Brasil em meio a uma luta de MMA. Péssima dublagem, péssima grafia visual, péssima recriação de ambientação. Tudo de muito mal gosto. Não vou dizer que foi uma total perda de tempo porque ri muito com as situações: por favor, fique até o final quando encontrar dois amigos discutindo numa sala mais isolada do estádio. É hilário.
O quão decepcionante são as sequências de Desmond se engrandecem ainda mais se pensarmos que o mote central de Assassin's Creed até agora culmina nisso. Por mais que o final não tenha sido dos mais decepcionantes, o desenrolar dos eventos é de um amadorismo que assusta. Até mesmo nas idas e vindas do grupo de assassinos mundo afora, já que eles são procurados pela corporação mais influente do planeta, logo teriam problemas para viajar a Itália, por exemplo. São buracos no roteiro que preocupam muito mais do que as elipses de tempo na aventura de Connor, as quais podem ser atribuídas a problemas no Animus facilmente. Estamos lidando com uma série que se esforça horrores para criar uma trama densa, intrigante, instigante e que se atenha de certa forma a realidade (uma opinião de um historiador aqui seria excelente), portanto é desmotivador acompanhar essa parte tão involutiva dentro de um jogo que se esforça tanto.
Por mais que Desmond seja mais uma vez o pior do jogo, não é só a ele a quem devemos atribuir culpa. Mesmo em suas mecânicas mais elementares, AC continua a causar frustração, ainda que permeada de coisas tão bem construídas.
Mundo aberto nosso de cada dia
Em linhas gerais, ACIII não se difere muito de seus antecessores: são cidades recriadas de acordo com suas condições históricas tanto em arquitetura quanto população, aliadas a um sem fim de coisas para se fazer permeando a trama central e aquele parkour característico em prédios, igrejas e demais construções. Sim, o dia demora mais para passar e você até chega a sentir a tão afamada mudança nas estações do ano, mas é algo mais atrelado ao enredo em si do que opção de espera do jogador. Mas ainda assim é muito impressionante estar no porto de Boston durante uma tempestade a noite, por mais que algumas crianças continuem a brincar na rua...
O que de diferente se nota logo de cara cai nos controles mais simplificados, já que não é mais preciso segurar dois botões para correr freneticamente e, logo, interagir com tudo o que aparecer pela frente. O que isso traz de bom, fundamentalmente, é a liberdade do seu dedão, e você pode utilizá-lo para controlar os caminhos seguidos por Connor no segundo analógico. A naturalidade que isso gera na movimentação do personagem é algo espantoso, porém, automatizado. Vamos colocar que Connor é muito mais ágil que Ezio no auge de suas habilidades. O cara escala árvores e rochedos com a velocidade de um puma. Agora, não serão poucas as vezes que você se verá na confortável situação de simplesmente segurar os botões de movimentação rápida enquanto Connor faz todo o serviço, e aqui me refiro de uma simples escalada de uma torre de sino a uma fuga de um navio naufragando.
A plataforma do jogo ficou tão simplificada que chega a frustrar aqueles que acompanharam a evolução do assassino italiano, com seus movimentos adquiridos via prática e acessórios futuros que incrementavam ainda mais sua furtividade. Tal simplificação se estende também ao sistema de vitalidade de Connor, já que o famigerado modelo de “vida que se completa sozinha” foi implantando. Esqueça os pontos de vida aumentados de acordo com a sincronização com o Animus ou a utilização de itens de cura contados em meio a batalhas. Fico tudo geração atual mesmo.
Desafio nunca foi o forte em AC, já que o máximo que a série oferece nesse sentido são as sincronizações perfeitas em cada missão. Elas continuam tão absurdas quanto nos outros jogos e, como troféus e conquistas, impõe a maneira como você realizar seus feitos e, particularmente, procuro ir por outro caminho. A facilidade dos combates também se manteve dos jogos passados, com a violência sendo o ponto forte dentro de uma batalha um tanto quanto sincronizada e sem muitos atrativos. Um botão de aparo facilitou ainda mais as coisas, já que agora o jogo congela por rápidos instantes no momento certo para que você escolha contra-atacar ou desarmar o adversário. Connor não terá problemas mesmo contra muitos soldados da alta estirpe da guarda britânica. O próprio arsenal do índio não é tão personalizável quanto ao de Ezio em Revelations, sendo que as armas novas se resumem ao gancho com corda, muito útil para ser usado do alto de árvores e o Tomahawk substituindo o punhal e adaga. Armas de fogo também tem seu papel, mas são lentas para recarregar e um arco e flecha sempre fará melhor o trabalho. Bombas de fumaça e até minas terrestres se assemelham a uma mísera parte do que vimos no vasto sistema de criação de bombas de Revelations.
Apesar de toda simplificação existente no jogo, correr pelas ruas e becos movimentados de Boston e Nova York continua sendo tarefa das mais complicadas. Sim, há uma aumentada movimentação de populares em seus afazeres diários e a inserção de animais deixa tudo mais impressionante. Connor pode até interagir com bois, cabras, perus e galinhas, mesmo que de maneira superficial. No entanto, a quantidade de problemas técnicos inerentes ao gênero “mundo aberto” no qual o jogo se encaixa é preocupante. Poucas serão as vezes que você não vai se deparar com problemas de carregamento de textura, altas e baixas na taxa de quadros de animação e coisas mais sérias, como total congelamento da imagem por longos segundos. Mais frustrante ainda em momentos de perseguição dentro da trama ou até mesmo em rotineiras fugas de guardas britânicos (os famosos casacas-vermelhas).
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Por três vezes tive que desligar o videogame da tomada por conta de bugs malucos...Tantos anos de experiência no gênero e na série e aparentemente nada mudou nesse sentido. Por três vezes tive que desligar o videogame da tomada por conta de bugs malucos que travaram tudo completamente (nota importante: a versão testada aqui foi a de PS3. Nota mais importante: joguei Revelations no PS3 acerca de seu lançamento e não tive frustrações tão pesadas assim).
Mesmo com engasgos técnicos cruéis e que comprometem de forma grosseira a experiência, ACIII tem novidades sensacionais que mantém o alto nível da série dentro de uma franquia que se sobressai nesse sentido.
Davenport, a nova Monteriggioni
Uma das coisas mais legais nos AC anteriores era a possibilidade de “cuidarmos” de uma determinada região de terra. Começamos de modo mais tacanho, reestruturando Monteriggioni em ACII e evoluímos bastante tirando Roma das mãos dos Borgia em Brotherhood. Tal elemento-chave na franquia está de volta em ACIII, só que na forma de uma fazenda cheia de possibilidades. Achilles, o assassino aposentado mentor de Connor, volta a ter fé no credo e em suas propriedades dado o ar de nova vida que trouxe o jovem índio, e assim você pode tomar conta da fazenda do velho.
Como a repressão era grande durante esse período histórico (lembra-se do Massacre de Boston?), é fácil encontrar gente disposta a abandonar tudo e começar vida nova. E é com esse intuito que você pode começar a caçar novos moradores para Davenport, afim de torná-la um local próspero e digno mais uma vez. Diferentemente dos outros jogos, o negócio aqui não é só investir dinheiro: você tem que ajudar a caçadora a encontrar aquele puma branco que anda aterrorizando as redondezas, ajudar o mineiro irlandês a conquistar uma garota ou até mesmo encontrar a agricultora que se perdeu nas montanhas.
Você vai perder um bom tempo se divertindo com missões paralelas atreladas a isso, e com elas vêm a recompensa de novos produtos para venda. Connor pode vir a se tornar um grande empreendedor, utilizando seu livro de contabilidade para enviar comboios para as redondezas. É uma das melhores maneiras de se conseguir dinheiro. Além disso, nos baús espalhados pelas cidades, são encontradas receitas de diversos produtos que podem ser feitos em Davenport. Picadinho de porco, mobílias georgianas, queijos finos, bebidas de alto nível e por aí vai.
Matéria-prima é necessária na confecção de novos produtos e é possível consegui-la comprando nas lojas ou até mesmo caçando. Há um sistema de furtividade bastante aprimorado em ACIII, pois não só em meio a multidão que Connor pode se tornar invisível. Escondido no mato alto e com a ajuda de armadilhas e iscas, o Mohawk pode arrematar castores, alces e até ursos, no intuito de vender suas carnes, peles e presas, ou utilizar tudo como matéria primordial para os artesões e produtores de sua fazenda.
As variações climáticas alteram também a quantidade e tipo de animais: caçar na neve trará uma quantidade crescente de lobos e alces, por exemplo. Vale ressaltar o quanto o cenário se modifica de acordo com o intemperismo, e o quanto tudo fica lindo quando coberto de neve. A decepção quanto a caça fica no próprio combate contra os animais, já que enfrentar lobos famintos se limitará a um simples QTE.
Outra forma de interagir com a população reprimida é recrutando mais membros para a Ordem dos Assassinos. Como havia dito, repressão acontece a cada esquina e há os revolucionários que lutam pela população de sua vizinhança. Realizar feitos nobres como ajudar vítimas de varíola, alimentar órfãos famintos ou impedir uma cobrança de impostos injusta torna Connor bem quisto pelo revolucionários, que se interessarão pelos credos dos guerreiros antitemplário. Como em Revelations, cada assassino tem sua história e características próprias e, apesar de não serem muitos, vão ajudar a tomar a costa leste norte americana do poder inimigo. Para enviá-los para batalha, não são mais necessários pombos correios: a coisa toda se tornou mais dinâmica e um apertar de botão a qualquer momento já é o suficiente.
Missões secundárias sempre foram ponto alto da série e ACIII mantém o nível. Seja colecionando páginas perdidas do almanaque de Benjamin Franklin, seja indo atrás de penas nos ninhos de águia dos rochedos mais altos, há muito o que se fazer no mundo deste novo Assassin's Creed. Mas não importa o quão relevante à trama qualquer side quest poderia se fazer passar, nada se compararia ao inacreditavelmente funcional sistema inserido de navegação, pirataria e pilhagem.
Hip, Hip, Hurra!
No processo de restituição da ordem em Boston, Connor se depara com diversos membros do credo que abandonaram a causa. Um deles é Robert Faulkner, antes um grande capitão da fragata dos assassinos, a poderosa e temida Aquilaa (navios são como mulheres e devem ser tratadas com muito respeito). A embarcação não passa de um cadáver ancorado, enquanto Faulkner, um velho gordo e bêbado, jogado entre porcos (clássico). É assim que Connor encontra ambos e não se intimida em reerguê-los e trazê-los de volta a sua condição de glória.
A partir de então, o jogo oferece uma grande quantidade de missões que traz o índio como comandante da veloz embarcação, navegando pelo Oceano Atlântico e mares caribenhos. Palavras não descreveriam o quão impressionante tudo é dentro desse “novo jogo”. Sim, Ubisoft, transforme isso em um spinoff da série, por favor!
Além um deleite para os olhos – há variações climáticas em tempo real, onde de um calor escaldante pode surgir uma tempestade tórrida, com ondas que podem derrubar seu navio – a profundidade nos controles e sistemas fazem desta a melhor variação na jogabilidade que a série já viu.
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No leme, Connor dá ordem aos marujos, como içar ou recolher velas, se segurarem nas amarras durante turbulências...No leme, Connor dá ordem aos marujos, como içar ou recolher velas, se segurarem nas amarras durante turbulências ou se esconderem no meio de uma saraivada canhoneira inimiga. Tudo acontece em tempo real e você vê a movimentação dos tripulantes. O vento também tem papel fundamental na sua busca, podendo favorecer a navegação ou não, cabendo a você saber utilizá-lo. Também é possível comprar novos armamentos para Aquila, além de reforçar sua dianteira e laterais a fim de destroçar embarcações menores só com a investida.
Há momentos dentro da trama onde temos que encarnar o capitão, e alguns deles inclui destruir o mastro do inimigo para assim conseguir subir a bordo e acertar as contas com o capitão do mal. Tudo no melhor estilo dos filmes do gênero e só consegui pensar no clássico de Roman Polanski, Piratas.
Mas o legal mesmo é caçar tesouros espalhados pelo jogo afim de conseguir novas localidades para se aventurar oceano afora. As missões variam de escoltar pequenas embarcações mercantis a enfrentar naus britânicas amedrontadoras. Algumas são mais simples, mas outras incluem visitar cemitérios de navios, com clima de filme de terror e tudo mais. Até mesmo o mapa do tesouro do mítico Capitão Kidd tem papel na história. Em suma e tentando me conter perante tanta genialidade em forma de proa e popa: as sequências abordo do Aquila fazem ACIII valer o esforço. Digo de coração.
Como não poderia deixar de ser, há o modo para multijogadores em ACIII (infelizmente nada que envolva navios). Seguindo os parâmetros criados em Brotherhood e mantidos em Revelations, adentramos domínios da Abstergo no papel de um cobaia de testes que acessa memórias via Animus. A personalização do boneco se mantém como nos anteriores, mas com personagens trajando vestimentas mais correspondentes à época e região nas quais a trama de ACIII se baseia. Nativos americanos, colonos britânicos, patriotas, comandantes, generais e mais uma laia de roupagens que causariam inveja em muito lutador de Soul Calibur. Os modos de jogo incluem o já famoso Manhunt, onde até oito jogadores devem assassinar uns ao outros em meio a um cenário bastante movimentado, onde discrição e furtividade são a alma do negócio. Dividir o grupo em equipes também dá vazão a jogatinas divertidas, como a Caça ao Artefato, onde vence quem conseguir roubar mais vezes o tesouro inimigo.
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O modo de jogo mais atrativo é o Wolfpack, onde até quatro assassinos podem unir forças para acabar com templáriosCom tantos atrativos e novidades, é uma pena ACIII falhar naquilo que, essencialmente, seria o mais fácil de lidar: quesitos técnicos. Não tenho dúvidas de que um patch futuro corrigirá muitos dos problemas que encontrei ao tentar me divertir pelas ruas de Boston e pelas florestas da Fronteira, mas o comprometimento da experiência que tais problemas trazem não podem ser desconsiderados. A verdade é que Assassin's Creed suplica pela próxima geração e isso fica bem claro no panorama da ambição que a Ubisoft tem para com a franquia, e isso é ótimo. Com uns ajustes nesses pontos, uma não necessidade de atribular o jogo a pessoas menos habilidosas e o todo bem afinado quanto a qualidade da narrativa, teríamos em mãos um dos grandes jogos da geração. Mas, por ora, só temos mesmo um excelente Assassin's Creed, o que já está de bom tamanho.
Category: Computador, Ps3, Xbox 360
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